Medicina do Estilo de Vida

Com mais de cento e vinte anos de experiência combinada entre a prática clínica, pesquisa sobre epidemiologia e intervenção da saúde pública, acabamos ficando cada vez mais frustrados com a incapacidade do cuidado primário estabelecido para lidar adequadamente com as condições das doenças modernas. Longe de criar a utopia da saúde plena, os avanços nos cuidados da saúde têm sido limitados e confusos. Um exemplo é a diminuição dos óbitos por doenças cardíacas que parece condenada a retroceder pela marcha da obesidade e as desordens metabólicas que a acompanham e para os quais o mais otimista de nós não conseguem ver solução alguma.

No livro, “Ascensão e Queda da Medicina Moderna”, o autor James Le Fanu, assegura que os avanços médicos têm sido amplamente exagerados pelo público, como também confundidos pela natureza mutável da doença moderna. É verdade que conseguimos retardar a mortalidade, mas pode-se argumentar que isto veio a acontecer pela diminuição em muitas enfermidades que reduziam a exuberância da vida. No entanto, diabetes, problemas cardíacos, cânceres, fígados gordurosos, apneia de sono, disfunção sexual, bem como, muitas outras condições são problemas não relacionados a micro-organismos, mas ao estilo de vida que hoje em dia levamos, mais por conta dos antolhos dos racionalistas econômicos, do que aos olhos realmente preocupados daquele que praticam a medicina. Ironicamente os avanços materiais alcançados ao longo do século passado, que sugerem que soluções tecnológicas simplistas e de pouco esforço solucionarão todas as nossas preocupações de saúde, na realidade promovem o maior envolvimento do paciente com a sua própria saúde, sugerindo com isso uma revolução dos cuidados primordiais.

A prevenção de doenças crônicas – as doenças do século 21 – precisam envolver uma melhoria do estilo de vida para o indivíduo (medicina clínica) e nas populações (saúde pública).

Ref. Livro “Lifestyle Medicine”- Garry Egger/Andre Binns/Stephan Rössser/Michael Sagner